domingo, 20 de junho de 2010

If I never see your face again

'' Now you've gone somewhere else far away
I don't know if I will find you (find you, find you)
But you feel my breath on your neck
Can't believe I'm right behind you (right behind you) "

-Rihanna feat Maroon 5.

sábado, 19 de junho de 2010

''save the empty''

Dificil não lembrar do que nunca se esqueceu.
E do que nunca foi ensinado a apagar,
só permaneceu, eterneceu. Se fez dono de todo o lugar.
Me consumiu, sucumbiu, e depois sumiu?
Dificil não lembrar do que nunca se esqueceu.
Dificil eu não lembrar do que eu nunca esqueci.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

eu tenho um coração desequilibrado

''Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta''

- Clarice Lispector


Vende-se um coração. Um pelo peso de dois. Sem devolução. Aceito vale transporte, e também ticket-alimentação.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

(re)começando


Bonito eu sei escrever, sei se-pa-rar, sei até s-o-l-e-t-r-a-r . Não sei é pensar bonito e por no papel. (Olha, já sei que 'por' não tem mais circunflexo, viu? Isso é 'bonito'). Bonito se vê, admira-se, se elogia, dá valor. Bonito a gente sente. Bonito é acordar de manhã sorrindo, não que eu acorde assim. De fato, acordo como quem acabou de deitar e já teve de se levantar por motivos extremos e contra minha vontade. E contra minha vontade é o meu cabelo, que quando levanto está cobrindo meus olhos, fazendo com que eles formiguem, irritem, e me irritem. Se eu acho que o que escrevo é bonito, tá 'achado'. E quem vai dizer que não? E se disser, vou não mais pensar assim? E se não pensar...tá bonito agora? Um oco que anda, que fala, que respira, mas não pensa. Mas pode assimilar, copiar, aceitar e fazer tudo que dizem, que opinam, que mandam. Um oco então é ''bonito de encher os olhos''. Prefiro então encher a boca de todos de palavras e opiniões, e me deixar preencher com que quero. E se eu não quiser, mas de certa forma conseguir ficar em mim, tá bonito também.